28.07.2012 às 23h51
Pico do crescimento de assassinato de defensores do meio ambiente coincide com expansão da atividade agrícola, segundo autores de levantamento
Rio - Em nenhum outro país como no Brasil o verde corre tantos riscos de ser tingido de vermelho-sangue. Segundo a ONG ‘Global Witness’, que tem sedes nos Estados Unidos e na Inglaterra, mais da metade das mortes de ativistas ambientais da última década foi no País.
Pesquisadores que forneceram dados nacionais à organização informam que o número de mortes cresceu com a expansão de atividade agrícola em direção a áreas de reserva na Amazônia e Cerrado.
O número total de mortes no planeta — 711 — representa quase um homicídio por semana. Em que pese o fato de que muitos países africanos e asiáticos o número de mortes é subnotificado — como observam os próprios membros da ONG — a situação do Brasil preocupa.
Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), que forneceu os dados brasileiros à Global Witness, o alto número de mortes do Brasil, que teve pico em 2003, está relacionado à valorização de produtos agrícolas exportados pelo Brasil no período analisado pela ONG internacional.
Desde que o CPT começou a monitorar conflitos, na década de 1970, o assassinato de ambientalistas está relacionado com a concentração de terras e expansão agrícola. “Nos últimos anos, a exportação de alguns produtos tem se fortalecido, o que aumenta a expansão agrícola”, diz a coordenadora da Comissão Pastoral, Isolete Wichinteski.
Segundo ela, o perfil das ocupações também mudou. Nos anos 1970, isso era feito pelo governo e grandes latifundiários. Hoje, os responsáveis são empresas.
Famílias que estão nas regiões disputadas há muito tempo são retiradas por quem faz grilagem ou por madeireiras. “Alguns dos que mais sofrem são os ativistas ambientais, que acreditam que podem tirar o sustento dessas áreas sem agredir a natureza”, afirma Isolete.
ONG alerta que luta por recursos acompanha aumento do consumo
Na semana passada, representantes da CPT se reuniram com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, para denunciar assassinatos em estados como Maranhão, Pará e Mato Grosso do Sul, entre eles os de ativistas ambientais.
O assunto fora debatido na Rio+20, onde o relatório da Global Witness foi divulgado primeiro. Na ocasião, Billy Kyte, um dos responsáveis pela pesquisa da ONG, pediu que os governos dos países onde o problema é mais sério, como o Brasil, acompanhem a questão mais de perto.
Segundo ele, a comunidade internacional deve parar de perpetuar essa disputa viciosa por florestas e por terra. “Nunca foi mais importante proteger o meio ambiente e nunca foi mais mortífero lutar por isso”, disse Kyte.
A organização chama atenção para o fato de que a luta por recursos naturais é acompanhada pelo aumento no consumo.
via O Dia Online
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